No dia 06/12/2013, a FIFA promoveu o sorteio das chaves da Copa do Mundo de 2014 com muita polêmica nos bastidores, além de ter de enfrentar uma crise institucional brasileira que vem dificultando os preparativos para o evento. Mas política não é o objetivo deste post.

O que interessa é o resultado do sorteio envolvendo 24 seleções que estavam presentes na Copa de 2010, além de outras 8 equipes que retornaram à disputa. Analisaremos as seleções participantes e os grupos formados para o tão aguardado Mundial tupiniquim. Sempre é bom lembrar que ainda faltam 6 meses e muita coisa pode mudar até a bola rolar.

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Grupo A — BRASIL – CROÁCIA – MÉXICO – CAMARÕES

BRASIL: A Seleção Canarinho entra como favorita indiscutível na Copa do Mundo que será jogada em seu quintal. A conquista da Copa das Confederações 2013 acabou por credenciá-la após um período de trevas e desconfiança geral. A marcação começa pelos atacantes, de forma incessante. Falta a confirmação de um atacante e conseguir dominar a pressão gerada pelo favoritismo.

Objetivo — Título. Eliminação é tragédia. Não existirá participação honrosa sem o Hexa.

Números — 19 Copas — 97 jogos – 67 vitórias / 15 empates / 15 derrotas.

Histórico — Campeão (1958, 1962, 1970, 1994, 2002), vice (1950, 1998), 3º lugar (1938, 1978), 4º lugar (1974), 4ªs-de-final (1954, 1982, 1986, 2006, 2010), 8ªs-de-final (1990), eliminado na 1ª Fase (1930, 1934, 1966).

Destaques — Neymar, Thiago Silva e Oscar.

CROÁCIA: A Vatreni conseguiu sua classificação apenas na repescagem contra a emergente Islândia. A qualidade do time croata está bem abaixo daquele que chegou às semifinais da Copa de 1998 e não parece intimidar os adversários. A aposta será na organização defensiva e nos rompantes de alguns atletas tecnicamente acima da média. Não deve ir muito além das 8ªs.

Objetivo — Passar da 1ª Fase. Já seria lucro, ainda mais enfrentando Espanha ou Holanda na fase seguinte.

Números — 3 Copas — 13 jogos – 6 vitórias / 2 empates / 5 derrotas.

Histórico — 3º lugar (1998), eliminada na 1ª Fase (2002, 2006).

Destaques — Modric, Mandzukic e Srna.

MÉXICO: El Tri teve uma trajetória extremamente acidentada até obter a classificação para o Mundial. Para a repescagem contra a Nova Zelândia, somente jogadores de clubes mexicanos foram chamados e isso bastou. Não se sabe qual será a formação titular, mas será favorita para conquistar a 2ª colocação da chave, pois os mexicanos vêm superando a 1ª Fase desde 1994.

Objetivo — Atingir as 4ªs-de-final. Condição que os aztecas só conseguiram quando sediaram a Copa.

Números — 14 Copas — 49 jogos – 12 vitórias / 13 empates / 24 derrotas.

Histórico — 4ªs-de-final (1970, 1986), 8ªs-de-final (1994, 1998, 2002, 2006, 2010), eliminado na 1ª Fase (1930, 1950, 1954, 1958, 1962, 1966, 1978).

Destaques — Oribe Peralta, Guardado e Javier Hernández.

CAMARÕES: Nem sempre os Leões Indomáveis são ferozes, apesar da tradição de estarem disputando seu 7º Mundial. Mesmo com uma classificação esperada, dentro da África existem seleções melhores que eles. Há claras melhoras no sistema defensivo e no meio-campo camaronês, mas que são insuficientes para fazê-los seguir adiante. Será zebra se avançar.

Objetivo — Passar da 1ª Fase. Seria ótimo para uma seleção que já teve glórias e que agora vive de lembranças.

Números — 6 Copas — 20 jogos – 4 vitórias / 7 empates / 9 derrotas.

Histórico — 4ªs-de-final (1990), eliminado na 1ª Fase (1982, 1994, 1998, 2002, 2010)

Destaques — Eto’o, Makoun e Webó.

Grau de dificuldade da chave: MÉDIO — Um favorito absoluto (Brasil) contra seleções de nível intermediário, sendo que o México pode ser considerado, pelo aspecto histórico, o mais cotado à classificação. Entretanto, não haverá jogos fáceis para ninguém.

Prognóstico — 1º Brasil, 2º México, 3º Croácia, 4º Camarões.

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Grupo B — ESPANHA – HOLANDA – CHILE – AUSTRÁLIA

ESPANHA: A Furia manteve seu time praticamente intocável, com o mesmo sistema de jogo herdado do Barcelona. Grandes nomes em todos os setores do time fazem com que os espanhóis sejam favoritos ao bicampeonato mundial. No entanto, a goleada sofrida na final da Copa das Confederações provou ao mundo que não existem times imbatíveis. E os ibéricos sabem disso.

Objetivo — Título. Mas o caminho espanhol poderá ser tortuoso e, quem sabe, muito curto. Já estão preparando desculpas para eventual derrota.

Números — 13 Copas — 56 jogos – 28 vitórias / 12 empates / 16 derrotas.

Histórico — Campeã (2010), 4º lugar (1950), 4ªs-de-final (1934, 1982, 1986, 1994, 2002), 8ªs-de-final (1990, 2006), eliminada na 1ª Fase (1962, 1966, 1978, 1998).

Destaques — Xavi, Iniesta e Casillas.

HOLANDA: Sempre é difícil derrotar a Laranja Mecânica. Nos últimos anos, vem sendo invencível nas eliminatórias que disputou para a Copa e para a Euro. Mas nem sempre se dá bem quando precisa assumir o protagonismo. A equipe é bem disposta taticamente e novos nomes vem surgindo para substituir os veteranos. Agradam pela forma aguda de atacar, mas a defesa vaza.

Objetivo — Semifinais. Um novo vice-campeonato não seria nada ruim, mas existem limites pelo caminho batavo.

Números — 9 Copas — 43 jogos – 22 vitórias / 10 empates / 11 derrotas.

Histórico — Vice (1974, 1978, 2010), 4º lugar (1998), 4ªs-de-final (1994), 8ªs-de-final (1990, 2006), eliminada na 1ª Fase (1934, 1938).

Destaques — Van Persie, Robben e Stekelenburg.

CHILE: Talvez La Roja esteja em sua melhor fase nos últimos 50 anos, mas levou um baque ao ter o azar de cair em uma chave indigesta, com os finalistas da Copa de 2010. Não se pode duvidar da capacidade chilena, mesmo que o retrospecto não recomende a aposta. Assim, vão precisar de uma conjunção de fatores para saírem classificados e ainda evitar o pior na fase seguinte.

Objetivo — Passar da 1ª Fase. A campanha chilena pode ser encerrada ainda no início. Se sobreviverem, poderão ter o Brasil. Já estariam no lucro.

Números — 8 Copas — 29 jogos – 9 vitórias / 6 empates / 14 derrotas.

Histórico — 3º lugar (1962), 8ªs-de-final (1998, 2010), eliminado na 1ª Fase (1930, 1950, 1966, 1974, 1982).

Destaques — Alexis Sánchez, Arturo Vidal e Matías Fernández.

AUSTRÁLIA: Os Socceroos já viveram fases melhores, entre 2002 e 2010. Hoje, com um time que não evoluiu tanto quanto os japoneses, os australianos sequer imaginam passar de fase, principalmente depois das goleadas acachapantes sofridas em amistosos neste ano. Perder com dignidade parece ser o único consolo, além de investir na experiência de seus jovens para 2018.

Objetivo — Não fazer fiasco. Se conseguirem derrotas com pouca diferença de gols e um empate, o dever estará cumprido.

Números — 3 Copas — 10 jogos – 2 vitórias / 3 empates / 5 derrotas.

Histórico — 8ªs-de-final (2006), eliminada na 1ª Fase (1974, 2010).

Destaques — Tim Cahill, Bresciano e Joshua Kennedy.

Grau de dificuldade da chave: DIFÍCIL — Os dois finalistas de 2010 se enfrentam logo de cara, mas o Chile pode beliscar uma classificação se conseguir se impor contra os favoritos. A situação só não é pior porque a Austrália não vem em boa fase. Espanha ou Holanda podem pegar o Brasil cedo.

Prognóstico — 1º Espanha, 2º Holanda, 3º Chile, 4º Austrália.

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Grupo C — COLÔMBIA – GRÉCIA – COSTA DO MARFIM – JAPÃO

COLÔMBIA: Os Cafeteros ressuscitam depois de uma ausência de 3 Copas seguidas. A atual geração é excepcional, sendo que o time tem bons valores em todos os setores. Os resultados levaram os colombianos à condição de cabeça de chave, mesmo com um retrospecto nada grandioso. Chegam para ser protagonistas. Se repetirem 1994/1998, será choro e ranger de dentes.

Objetivo — Atingir as 4ªs-de-final. Uma boa seleção que pode ser premiada com um avanço inédito. Mas o cruzamento na fase seguinte pode impedir isso.

Números — 4 Copas — 13 jogos – 3 vitórias / 2 empates / 8 derrotas.

Histórico — 8ªs-de-final (1990), eliminada na 1ª Fase (1962, 1994, 1998).

Destaques — Falcao García, Guarín e James Rodríguez.

GRÉCIA: O Navio Pirata partiu para mais uma jornada rumo ao desconhecido. A classificação para a Copa foi merecida e os gregos nunca são favoritos, mesmo tendo conquistado a Euro em 2004. Não há chances de repetirem tal odisseia em 2014, sendo suficiente uma classificação à fase das 8ªs. A chave está aberta e a sorte está lançada. Poucos sabem o que será dos helênicos.

Objetivo — Passar da 1ª Fase. Em uma chave com forças medianas, as chances helênicas aumentam.

Números — 2 Copas — 6 jogos – 1 vitória / 0 empates / 5 derrotas.

Histórico — eliminada na 1ª Fase (1994, 2010).

Destaques — Mitroglou, Karagounis e Torosidis.

COSTA DO MARFIM: Os Elefantes tem jogadores incrivelmente habilidosos, mas falta espírito de equipe. São muitos líderes veteranos no vestiário e os egos podem atrapalhar na busca por objetivos. A classificação à Copa não foi tão fácil, mas a chave sorteada foi ótima. Agora, os africanos terão de provar que não são apenas talentos individuais, mas sim um time.

Objetivo — Passar da 1ª Fase. Depois de dois mundiais batendo na trave, os marfinenses poderão, enfim, ir além do óbvio.

Números — 2 Copas — 6 jogos – 2 vitórias / 1 empate / 3 derrotas.

Histórico — eliminada na 1ª Fase (2006, 2010).

Destaques — Drogba, Gervinho e Yaya Touré.

JAPÃO: Para quem acompanhou a trajetória dos Samurais Azuis ao longo dos últimos 20 anos fica perceptível a evolução de seu futebol. Os japoneses são capazes de enfrentar qualquer rival em igualdade, mas ainda falta um pouco de malandragem. Mesmo assim, tem um ótimo sistema ofensivo e são candidatos a avançar adiante na competição, dificultando a vida dos favoritos.

Objetivo — Atingir as 4ªs-de-final. Os nipônicos vão tentando, se aperfeiçoando e, quem sabe, chegando aonde ninguém esperava.

Números — 4 Copas — 14 jogos – 4 vitórias / 3 empates / 7 derrotas.

Histórico — 8ªs-de-final (2002, 2010), eliminado na 1ª Fase (1998, 2006).

Destaques — Kagawa, Keisuke Honda e Endo.

Grau de dificuldade da chave: FÁCIL — Quem tem mais bala na agulha nesse grupo? Talvez a Colômbia e o Japão se sobressaiam nos confrontos, mas há um equilíbrio evidente de forças sem que exista um grande favorito ou uma “galinha morta”. Quem fizer 4 pontos sobrevive.

Prognóstico — 1º Colômbia, 2º Japão, 3º Costa do Marfim, 4º Grécia.

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Grupo D — URUGUAI – COSTA RICA – INGLATERRA – ITÁLIA

URUGUAI: É incrível o potencial desse país de apenas 3,5 milhões de habitantes. A Celeste não se intimida e vai enfrentar adversários dificílimos logo de cara, o que não chega a ser problema para os charruas. A questão é saber se o time já veterano suportará o ritmo de jogo e o fator climático. Se bem preparados, podem ir longe a ponto de causar danos irreparáveis às potências europeias.

Objetivo — Semifinais. A lembrança de um novo Maracanazo empolga os uruguaios. Será que conseguem ir tão longe?

Números — 11 Copas — 47 jogos – 18 vitórias / 12 empates / 17 derrotas.

Histórico — Campeão (1930, 1950), 4º lugar (1954, 1970, 2010), 4ªs-de-final (1966), 8ªs-de-final (1986, 1990), eliminado na 1ª Fase (1962, 1974, 2002).

Destaques — Luis Suárez, Cavani e Lugano.

COSTA RICA: Los Ticos tiveram um azar danado e terão de lutar contra três campeões mundiais. Os costarriquenhos tem um bom time, que passou com folga pelas eliminatórias. Mas não devem sobreviver ao grupo fatídico. A única certeza é a de que poderão sentir como está o nível de seu futebol jogando contra gigantes e, quiçá, beliscar um ponto aqui e outro lá.

Objetivo — Não fazer fiasco. Os enfrentamentos não permitem aos centro-americanos nada além de sonhar. Se empatarem um jogo, será zebra.

Números — 3 Copas — 10 jogos – 3 vitórias / 1 empate / 6 derrotas.

Histórico — 8ªs-de-final (1990), eliminada na 1ª Fase (2002, 2006).

Destaques — Joel Campbell, Celso Borges e Bryan Ruiz.

INGLATERRA: A empáfia e a soberba dos ingleses poderão ser determinantes para sua eliminação logo na fase inicial. Mesmo com uma classificação tranquila para o Brasil, o English Team não é tudo isso que andam pintando na Terra da Rainha. Não bastasse as dificuldades que têm quando jogam contra seleções médias, agora terão duas potências loucas para tirá-los da Copa.

Objetivo — Semifinais. E olhe lá! Isso porque tem tradição, mas até para passar da 1ª Fase será complicado.

Números — 13 Copas — 59 jogos – 26 vitórias / 19 empates / 14 derrotas.

Histórico — Campeã (1966), 4º lugar (1990), 4ªs-de-final (1954, 1962, 1970, 1982, 1986, 2002, 2006), 8ªs-de-final (1998, 2010), eliminada na 1ª Fase (1950, 1958).

Destaques — Rooney, Gerrard e Milner.

ITÁLIA: A Squadra Azzurra chega com um sistema de jogo ofensivo e com algum toque de bola, algo impensável para uma seleção que praticava o ferrolho (Catenaccio) até poucos anos. É favorita e os adversários sabem disso. O problema é que os italianos tomaram gosto pelo ataque e se desguarnecem defensivamente, o que resulta em jogos com muitos gols. Bom para quem assiste!

Objetivo — Título. Os italianos pensam grande e isso sempre funciona nas adversidades. Podem ser Penta.

Números — 17 Copas — 80 jogos – 44 vitórias / 21 empates / 15 derrotas.

Histórico — Campeã (1934, 1938, 1982, 2006), vice (1970, 1994), 3º lugar (1990), 4º lugar (1978), 4ªs-de-final (1998), 8ªs-de-final (1986, 2002), eliminada na 1ª Fase (1950, 1954, 1962, 1966, 1974, 2010).

Destaques — Pirlo, Balotelli e Buffon.

Grau de dificuldade da chave: DIFÍCIL — O “grupo da morte” com três campeões mundiais determina a classificação para aqueles que tiverem margem de erro mínima. Os ingleses podem sobrar, pois sua fase não recomenda. P. S.: “Pobre” Costa Rica!

Prognóstico — 1º Itália, 2º Uruguai, 3º Inglaterra, 4º Costa Rica.

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GRUPO E — SUÍÇA – EQUADOR – FRANÇA – HONDURAS

SUÍÇA: A Schweizer Nati é um caso para estudo técnico. O time nem é tão bom assim, passou por eliminatórias fáceis sem problemas, venceu amistosos contra potências e virou cabeça de chave. Porém, os helvéticos não convencem e tampouco preocupam seus adversários. Não é de se duvidar que caiam eliminados logo de cara, afligidos pelo clima tropical e por suas fragilidades técnicas.

Objetivo — Atingir as 4ªs-de-final. A ideia dos suíços é ficar em 1º no grupo e evitar um aguardado confronto com a Argentina.

Números — 9 Copas — 29 jogos – 9 vitórias / 6 empates / 14 derrotas.

Histórico — 4ªs-de-final (1934, 1938, 1954), 8ªs-de-final (1994, 2006), eliminada na 1ª Fase (1950, 1962, 1966, 2010).

Destaques — Shaqiri, Inler e Lichtsteiner.

EQUADOR: La Tri teve mais sorte do que os chilenos e caíram em uma chave viável. Após classificar sem vencer fora de casa nas eliminatórias, terá de jogar sem o benefício da altitude. O time não é ruim e pode fazer frente a grandes adversários. Pesam a falta de experiência em disputas de alto nível e a falta de bons nomes em algumas posições do time.

Objetivo — Passar da 1ª Fase. Já seria o suficiente para agradar aos andinos. Indo além é zebra!

Números — 2 Copas — 7 jogos – 3 vitórias / 0 empates / 4 derrotas.

Histórico — 8ªs-de-final (2006), eliminado na 1ª Fase (2002).

Destaques — Caicedo, Antonio Valencia e Walter Ayoví.

FRANÇA: Quando todos imaginam que eles estão mortos, Les Bleus ressurgem das próprias cinzas. A classificação à Copa foi sofrida e agora os franceses querem colocar o vagão nos trilhos. Eles têm uma história vitoriosa e jogadores acima da média em todos os setores da equipe. Não se duvida que possam alcançar as finais. A fênix gaulesa vai agir como um predador.

Objetivo — Semifinais. A tendência é essa. Mas os franceses sempre surpreendem, de forma positiva ou negativa. Aguardemos.

Números — 13 Copas — 54 jogos – 25 vitórias / 11 empates / 18 derrotas.

Histórico — Campeã (1998), vice (2006), 3º lugar (1958, 1986), 4º lugar (1982), 4ªs-de-final (1938), eliminada na 1ª Fase (1930, 1934, 1954, 1966, 1978, 2002, 2010).

Destaques — Ribéry, Benzema e Abidal.

HONDURAS: O crescimento dos Catrachos nos últimos anos foi visível. Mas o time ainda tem carências táticas e técnicas que impedem grandes ambições. Além disso, a seleção hondurenha tem fama de violenta e de retranqueira, o que não convém para uma Copa do Mundo. Alguns bons nomes que jogam na Europa despontam e podem servir para um futuro próximo.

Objetivo — Não fazer fiasco. Vencer uma partida pela 1ª vez será o máximo para os hondurenhos. É segurar atrás e só sair na boa.

Números — 2 Copas — 6 jogos – 0 vitórias / 3 empates / 3 derrotas.

Histórico — eliminada na 1ª Fase (1982, 2010).

Destaques — Bengtson, Roger Espinoza e Maynor Figueroa.

Grau de dificuldade da chave: MÉDIO — Nenhuma das seleções desse grupo pode ser considerada favorita ao título. A França teve sorte e a Suíça não é digna de ser cabeça de chave. O Equador pode se beneficiar do clima e aprontar uma surpresa. Quantos cartões amarelos Honduras levará?

Prognóstico — 1º França, 2º Equador, 3º Suíça, 4º Honduras.

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GRUPO F — ARGENTINA – BÓSNIA E HERZEGOVINA – IRÃ – NIGÉRIA

ARGENTINA: A Albiceleste vem com o melhor do mundo ainda virgem de boas atuações em uma Copa. A ambição é ser campeão na casa do vizinho e maior rival. Os hermanos tem excelentes jogadores no meio-campo e ataque, mas o mesmo não pode ser dito nas posições defensivas. Vão precisar equilibrar a equipe para almejar o título, o qual está mais próximo do que nunca.

Objetivo — Título. O chaveamento e o fator sorte permitem aos argentinos chegar à final sem cruzar com adversários mortais.

Números — 15 Copas — 70 jogos – 37 vitórias / 13 empates / 20 derrotas.

Histórico — Campeã (1978, 1986), vice (1930, 1990), 4ªs-de-final (1966, 1974, 1982, 1998, 2006, 2010), 8ªs-de-final (1994), eliminada na 1ª Fase (1934, 1958, 1962, 2002).

Destaques — Messi, Di María e Agüero.

BÓSNIA E HERZEGOVINA: Os Dragões vão fazer sua merecida estreia no maior palco do futebol mundial, depois de superar uma guerra civil sangrenta e diversos obstáculos esportivos. Bateram na trave em outros momentos, mas agora tiveram competência e uma dose de sorte para cair em uma chave com apenas um favorito. Devem classificar à fase seguinte se suas estrelas corresponderem.

Objetivo — Passar da 1ª Fase. Para isso os bósnios não precisarão realizar façanhas. Basta jogar o que sabem.

Números — 0 Copas — 0 jogos – 0 vitórias / 0 empates / 0 derrotas.

Histórico — estreante.

Destaques — Dzeko, Misimovic e Pjanic.

IRÃ: Os Persas vêm à Copa com um misto de sorte e competência, tirando do caminho o Uzbequistão, rival asiático favorito à vaga e melhor tecnicamente. Agora, a realidade é outra e os devotos de Maomé terão de assumir riscos para vencer uma partida e poder sonhar com uma inesperada classificação de fase. Mesmo contra dois adversários médios, não devem ter êxito.

Objetivo — Não fazer fiasco. Mesmo caindo em um grupo fácil, a vida dos iranianos será dura. Marcar gols é o desafio.

Números — 3 Copas — 9 jogos – 1 vitória / 2 empates / 6 derrotas.

Histórico — eliminado na 1ª Fase (1978, 1998, 2006).

Destaques — Shojaei, Nekounam e Ghoochannejhad.

NIGÉRIA: Foi fácil a classificação das Super Eagles para o Brasil. Os campeões africanos em 2013 já sentiram o “gostinho” do Mundial ao disputarem a Copa das Confederações. Mas vão precisar melhorar, e muito, para avançar. Os nigerianos defendem mal e parecem lentos e displicentes em alguns momentos, o que pode custar caro. Caso sigam adiante, a eliminação é iminente.

Objetivo — Passar da 1ª Fase. Mesmo com o pensamento indo além, a realidade dos africanos é partir cedo da Copa.

Números — 4 Copas — 14 jogos – 4 vitórias / 2 empates / 8 derrotas.

Histórico — 8ªs-de-final (1994, 1998), eliminada na 1ª Fase (2002, 2010).

Destaques — Obi Mikel, Emenike e Victor Moses.

Grau de dificuldade da chave: FÁCIL — É a Argentina e mais ninguém nessa chave muito fraca. O Irã não vencerá nenhuma partida. Fica a briga pela classificação em 2º lugar entre nigerianos e bósnios. O fator climático deve pesar à favor dos africanos se sua defesa for consistente.

Prognóstico — 1º Argentina, 2º Nigéria, 3º Bósnia e Herzegovina, 4º Irã.

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GRUPO G — ALEMANHA – PORTUGAL – GANA – ESTADOS UNIDOS

ALEMANHA: Atualmente, a Mannschaft é considerada a melhor seleção do mundo. O time mescla jogadores dos dois melhores clubes alemães do momento e representa a essência do futebol contemporâneo. Porém, a sorte parece não acompanhar os tedescos. A chave é duríssima e o caminho até a final é cheio de armadilhas. Mas quem duvida que eles não possam levantar a taça?

Objetivo — Título. Ser tetracampeã mundial é o objetivo perseguido há mais de 20 anos pelos germânicos.

Números — 17 Copas — 99 jogos – 60 vitórias / 19 empates / 20 derrotas.

Histórico — Campeã (1954, 1974, 1990), vice (1966, 1982, 1986, 2002), 3º lugar (1934, 1970, 2006, 2010), 4º lugar (1958), 4ªs-de-final (1962, 1978, 1994, 1998), eliminada na 1ª Fase (1938).

Destaques — Özil, Götze e Thomas Müller.

PORTUGAL: A Seleção das Quinas tem um dos melhores jogadores da atualidade, mas uma equipe que não corresponde na hora “H”. A classificação à Copa foi merecida, mas sofrida. Os lusos tiveram um destino aziago ao terem de estrear contra a Alemanha e vão precisar de bom futebol para sobreviver nesta chave perigosa. A tendência é seguir adiante e encarar cada jogo como uma final.

Objetivo — Semifinais. Porém, os portugueses podem cair bem antes se confrontados contra favoritos ao título.

Números — 5 Copas — 23 jogos – 12 vitórias / 3 empates / 8 derrotas.

Histórico — 3º lugar (1966), 4º lugar (2006), 8ªs-de-final (2010), eliminado na 1ª Fase (1986, 2002).

Destaques — Cristiano Ronaldo, João Moutinho e Bruno Alves.

GANA: Mesmo sendo a melhor seleção africana desde 2006, os Estrelas Negras foram contemplados com rivais indigestos e vão ter de suar muito para seguir em frente no Mundial. O ponto positivo é a união dos jogadores em torno do objetivo. O lado ruim é a defesa, que não é tão consistente quanto o restante do time. Se passarem de fase, podem repetir o resultado de 2010.

Objetivo — Atingir as 4ªs-de-final. Já será difícil a classificação para a fase seguinte. Mas quem acredita sempre alcança.

Números — 2 Copas — 9 jogos – 4 vitórias / 2 empates / 3 derrotas.

Histórico — 4ªs-de-final (2010), 8ªs-de-final (2006).

Destaques — Asamoah Gyan, Essien e Muntari.

ESTADOS UNIDOS: Há tempo os Yanks são considerados os melhores da CONCACAF, superando os vizinhos mexicanos. Classificaram-se facilmente para a Copa e agora precisam provar que não são somente uma potência olímpica. Os americanos tem uma boa equipe, que se recusa a perder. Suas chances de seguir adiante ficaram reduzidas pelo funesto sorteio, mas eles confiam.

Objetivo — Passar da 1ª Fase. A realidade seria outra se os norte-americanos não tivessem o azar de cair nesse grupo.

Números — 9 Copas — 29 jogos – 7 vitórias / 5 empates / 17 derrotas.

Histórico — 3º lugar (1930), 4ªs-de-final (2002), 8ªs-de-final (1994, 2010), eliminado na 1ª Fase (1934, 1950, 1990, 1998, 2006).

Destaques — Donovan, Dempsey e Michael Bradley.

Grau de dificuldade da chave: DIFÍCIL — Alemanha favoritíssima e Portugal buscando a classificação dentro de um grupo bem encardido, sendo um sorteio injusto para norte-americanos e ganeses. Todos os integrantes passaram de fase na Copa de 2010, mas agora dois ficarão de fora.

Prognóstico — 1º Alemanha, 2º Portugal, 3º Estados Unidos, 4º Gana.

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GRUPO H — BÉLGICA – ARGÉLIA – RÚSSIA – COREIA DO SUL

BÉLGICA: Os Diabos Vermelhos voltaram em grande estilo e com um futebol vistoso. Jovens atletas de alto nível técnico vão garantir aos belgas bons resultados pelos próximos 10 anos. Como cabeça de chave, devem confirmar uma classificação tranquila. O limite da equipe ainda é desconhecido e, por isso, devem ser respeitados pelos adversários. A inexperiência pode pesar contra.

Objetivo — Semifinais. A realidade permite aos belgas sonharem com voos altos. Mas o mau tempo (clima) pode prejudicá-los.

Números — 11 Copas — 36 jogos – 10 vitórias / 9 empates / 17 derrotas.

Histórico — 4º lugar (1986), 4ªs-de-final (1982), 8ªs-de-final (1990, 1994, 2002), eliminada na 1ª Fase (1930, 1934, 1938, 1954, 1970, 1998).

Destaques — Hazard, Fellaini e Lukaku.

ARGÉLIA: As Raposas do Deserto conseguiram seu bilhete para a Copa “com a calça nas mãos”. Praticam um futebol antiquado e defensivo, sendo que outras seleções africanas poderiam estar em seu lugar (Egito ou África do Sul). Tiveram sorte nas eliminatórias e também no sorteio, mas não devem complicar para belgas e russos. Podem arrancar um ponto contra os coreanos e nada mais.

Objetivo — Não fazer fiasco. Primeiro, os argelinos precisam marcar gols. Empatar um jogo é motivo para comemoração.

Números — 3 Copas — 9 jogos – 2 vitórias / 2 empates / 5 derrotas.

Histórico — eliminada na 1ª Fase (1982, 1986, 2010).

Destaques — Lacen, Djebbour e Bougherra.

RÚSSIA: Os russos garantiram seu lugar na Copa com louvor. Ainda apresentam instabilidade em algumas partidas, mas se vê que há uma solidez defensiva e um futebol de contra-ataques. Os herdeiros da CCCP não tem grandes ambições e precisam se preparar para 2018, quando receberão o evento. Podem engrossar contra adversários superiores, mas não devem chegar longe.

Objetivo — Atingir as 4ªs-de-final. Os russos esperam rivais difíceis em um cruzamento na fase seguinte. Mesmo assim, suas chances não são desprezíveis.

Números — 9 Copas — 37 jogos – 17 vitórias / 6 empates / 14 derrotas (incluindo URSS).

Histórico — 4º lugar (1966), 4ªs-de-final (1958, 1962, 1970, 1982), 8ªs-de-final (1986), eliminada na 1ª Fase (1990, 1994, 2002) (incluindo URSS).

Destaques — Kerzhakov, Shirokov e Akinfeev.

COREIA DO SUL: Houve queda de rendimento considerável dos Tae Guk Warriors de 2002 para cá. A classificação ao Mundial foi difícil e não motiva os sul-coreanos a obter grandes façanhas. Demais disso, é bom abrir os olhos porque os asiáticos correm muito e descem o sarrafo na mesma medida. Se vão ir adiante? Só se os adversários jogarem abaixo das expectativas.

Objetivo — Passar da 1ª Fase. Se os orientais conseguirem a proeza da classificação, já estarão satisfeitos mesmo se forem esmagados pela Alemanha nas 8ªs.

Números — 8 Copas — 28 jogos – 5 vitórias / 8 empates / 15 derrotas.

Histórico — 4º lugar (2002), 8ªs-de-final (2010), eliminada na 1ª Fase (1954, 1986, 1990, 1994, 1998, 2006).

Destaques — Son Heung-Min, Koo Ja-Cheol e Park Chu-Young.

Grau de dificuldade da chave: FÁCIL — Talvez uma das chaves mais previsíveis do mundial. Bélgica e Rússia devem classificar com “um pé nas costas”. Mas todo o cuidado é pouco contra os coreanos. Desconfio que os argelinos sequer marcarão um gol nos três jogos.

Prognóstico — 1º Bélgica, 2º Rússia, 3º Coreia do Sul, 4º Argélia.

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EM RESUMO:

Favoritos ao título — Brasil, Alemanha, Argentina, Espanha e Itália.

Podem surpreender — Holanda, Bélgica, Colômbia, Uruguai, França e Portugal.

Não devem ser protagonistas — Inglaterra, México, Suíça, Croácia e Rússia.

Incógnitas — Chile, Equador, Estados Unidos, Japão, Nigéria e Costa do Marfim

Fiéis da balança — Camarões, Bósnia e Herzegovina, Gana, Coreia do Sul e Grécia.

Sacos de pancada — Costa Rica, Irã, Argélia, Austrália e Honduras.

Corria solta a notícia de que Seu Tertuliano andava de mal a pior. De fato, algo aconteceu, pois há tempos o velho não aparecia mais na Bodega do Nicanor para comprar seu farnel de rapadura, linguiça, cachaça, erva-mate e fumo em rolo. Alguns diziam que o índio tivera uma crise braba de reumatismo. Outros comentavam que ele foi picado por um jararaca. Um vizinho que havia comprado gado do Seu Tertuliano há pouco tempo falou ao vigário do povoado depois da missa dominical que o velho estava morrendo e que, inclusive, teria recusado atendimento médico.

O sol mal inicia sua aurora e uma Kombi velha já roda pela estrada de chão depois de uma noite de chuva fraca. São poucas curvas, mas muitas coxilhas para serem vencidas. O vento frio da madrugada de primavera entra pela janela do veículo e traz consigo um cheiro de capim molhado misturado ao de zorrilho. Desde a casa paroquial até o sítio de Seu Tertuliano são 18 quilômetros de um caminho vicinal que não possibilita rodar a mais do que 30 km/h. O condutor quase se arrepende da ideia de ir até o moribundo porque não se trata de um fiel frequentador das missas, mas sim de um homem rude, de péssimos hábitos e cuja fama é a de um pecador incorrigível, de um promíscuo que se jactanciou a vida inteira por praticar obscenidades.

O Padre enfim chega ao local indicado. Desce da Kombi e abre a porteira, que estava trancada com uma pequena tramela que quase não mantinha a pesada armação de madeira no lugar. Ele adentra com o veículo na propriedade, apeia e torna a fechar a porteira. O trilho de terra molhada leva até um ponto onde havia uma pequena área descampada, com uma capunga e um forno de barro, quase lindeiros ao casabre com mais de um século de construção. A estranha arquitetura remetia às casas castelhanas, com um toque colonial. O religioso sai do veículo e se depara com um cachorro grande e ignóbil a poucos metros dali, que se entretinha com restos de uma paleta de ovelha, mal dando atenção ao intruso.

A porta não estava trancada e o Padre entra sem bater. O ambiente dentro da tapera não era muito salubre e as janelas estavam fechadas. O odor predominante era de comida velha e fumaça, mas também era possível sentir cheiro de esterco. Os poucos móveis são toscos e antigos. Havia uma chaleira de ferro sobre um fogão à lenha, já sem cor, panelas sujas em uma mesa de pinho e moscas varejeiras voejando pelo ambiente. O soalho de madeira vai rangendo com os passos incertos rumo ao único cômodo de onde vinha luz e no qual repousava o proprietário do latifúndio.

Com os olhos semicerrados, Seu Tertuliano apenas murmura de forma sôfrega.

– Se for bandido pode levar tudo! Se for jornalista, não falo nada! Se for à mando do Nicanor, diga que pago os fiado com boi vivo!

– Calma, Seu Tertuliano. Sou o Padre da comunidade. Soube que está muito doente e vim dar-lhe o sacramento da unção dos enfermos!

Arre! Vai te embora, corvo agourento! Não quero saber de nenhum comedor de hóstia na minha casa! Xô! Vade retro!

Visivelmente irritado, mas pensando em todo o sacrifício de estar ali por uma grande causa, o Padre prossegue sua tentativa de cativar o moribundo.

– Sei que o senhor não foi um homem penitente, pouco temente à Deus e que não possui nenhuma das virtudes cristãs. Mas sei que Ele tem planos para o senhor “lá” em cima! Para isso, preciso encomendar sua alma ao Criador!

Sem compreender a intenção do Padre, Seu Tertuliano faz uma careta interrogativa, oportunizando ao Padre prosseguir.

– O senhor não gostaria de quitar sua dívida com Cristo e poder descansar em paz? Resolver todas as suas diferenças com o Pai Eterno? Conseguir sua passagem para o paraíso? Para isso, o senhor terá de confessar seus pecados. Todos!

– Tchê! Eu só não te mando à merda em respeito à batina que tu veste. E também porque eu não tô podendo nem com as calça…

– Ach, mein lieber gott!

A la fresca! O que Vossa Santidade quer? Pois le digo… eu desrespeitei bem mais do que dez mandamentos!

– Tenho certeza que não, Seu Tertuliano. Acredito que sua alma ainda pode ser resgatada das chamas do orco. Todos merecem salvação, inclusive o senhor!

Quer dizer, entonces, que se eu desembuchá tudo o que aprontei na vida eu posso me livrar do inferno, do dito cujo, do chifrudo?

– Creio piamente que Deus vai perdoá-lo e o senhor não saberá o que é o inferno. Mas desde que se arrependa dos pecados, ja wohl?

Os modos afáveis e o sotaque de alemão do Padre conquistaram a simpatia de Seu Tertuliano, que àquela altura dos acontecimentos, já não tinha forças e tampouco argumentos para rebatê-lo. A visita inusitada e o fato de ter a certeza de que estava definhando relegou ao gaúcho um sentimento de conformismo.

Pois bem, seu Padre! Vô começá pelo fim, já que ele tá perto. Faiz uns dez dia que eu comprei uma égua nova do vizinho, pras lida campeira, sabe como é… Fui dar um banho na bicha lá na sanga e me veio umas comichão… mas a potranca não estava muito acostumbrada e me coiceou duas veiz! A primera foi bem na boca do estômago! E a outra foi direto nas peia… Dói até de lembrar!

O Padre não estava acreditando no que ouvia. Como poderia um homem idoso, com idade para ser seu pai, sodomizar um pobre espécime equino? Mas Seu Tertuliano continuava o fatídico relato.

– O tareco de mijar tá sem serventia… não presta prá nada! Despues, comecei a ter umas queimação no bucho e não consegui mais comer carne. De uns dias pra cá, ando mijando sangue…

– E porque o senhor não foi até o médico ou para um hospital? Deve estar com uma hemorragia interna!

– Tô com 86 anos na paleta e nunca fui ver dotor! E me orgulho disso! Todas as moléstia que tive eu curei com mel e cachaça! Ah… e às veiz eu colocava umas macela no mate, quando aziava o fíguedo…

Seu Tertuliano não conseguiu concluir a frase e começou a tossir como um tuberculoso. O Padre tinha certeza que seu Tertuliano estava morrendo, mas não se sente nem um pouco à vontade para lhe conceder a unção dos enfermos. Como um sacerdote correto, não podia suprimir expedientes eclesiásticos necessários, sob pena de ter de responder por violação de regra canônica à Cúria Metropolitana, como sói acontecer em casos análogos.

– Mas o senhor não deveria fazer essas maldades com os animais! Isso não é normal! Desde quando o senhor pratica bestialismo?

– Bestia o quê?

– Bestialismo… sexo com animais!

– Ah… a barranqueada! Isso eu faço desde que me conheço por gente, lá pelos 10, 11 anos. Comecei com galinha. Despues, fui pras cabrita. Quando o membro já estava desenvolvido, passei a cobri as vaca. As égua foi só depois que fiquei viúvo. Ah… e ovelha eu só pego no inverno…

– O seu caso é muito grave, Seu Tertuliano. Não sei se sua alma será salva!

– Diacho! Mas tu me prometeu! Não vá me despachá para o capeta! Agora eu quero meu lugar no céu!

Um certo clima de impasse se estabelece no recinto por alguns minutos. Sentindo que sua saúde era periclitante, Seu Tertuliano começa a cofiar o bigodão gris e pede ao Padre para lhe alcançar o palheiro.

– O senhor não poderia fumar! Está muito mal de saúde!

– Justamente! Vou fumá porque não me resta outra côsa! Me risca um frósfro e acende logo esse pito, hôme!

Seu Tertuliano dá algumas baforadas e mal consegue segurar o palheiro. O Padre espera pela continuação do enredo nefasto que possivelmente sairá da boca daquele sujeito que não merece a salvação.

– Teve uma veiz, seu Padre, que eu fui à um baile só de perneta! Era uma judiaria ver aquele monte de gente pulando que nem saci, mas me diverti barbaridade! Teve um outro causo lá em Tupanciretã que…

O Padre já nem ouvia com atenção os delírios daquele velho que se esparramava pela cama encardida. Seu Tertuliano divagava sobre rinhas de galo, brigas de adaga e conquistas amorosas, enquanto o vigário passava os olhos pelo quarto em busca de alguma informação. De toda a bagunça que havia, se ateve a um velho guarda-roupas sem portas, uma mesinha com uma bacia d’água, um bacamarte antigo pendurado em um tira de couro na parede e um quadro com um retrato do time do Internacional campeão gaúcho de 1961. Ao se aproximar para ler os nomes dos jogadores, ouviu um berro.

– Padre! Me traz a canha que tá lá na cozinha! Me deu uma sêde…

– Além de fumar, o senhor ainda quer beber álcool? No seu estado de saúde, deveria apenas ingerir água! E ainda não são nem oito horas da manhã!

– Arre! Tomá água faz criar sapo na barriga! Vai lá e busca de uma veiz a caninha, hôme de Deus! Se eu vou morrê, que seja o meu último trago!

Com a garrafa sem rótulo nas mãos, o clérigo derrama dentro de um copo uma pequena quantidade daquele líquido levemente amarelado. Com um misto de censura e estímulo no olhar, Seu Tertuliano faz o visitante encher o copo. O velho peão bebe a cachaça dum sorvo só, fazendo barulho e estalando os beiços ao final.

– Côsa fina… de primera qualidade! Me vê mais um!

– O senhor é dono dessas terras?

– Por supuesto! Comprei depois que ganhei uns pila na política. Côsa que muita gente sabe por aí… o vigário não sabia?

– Não! Sim! Bem, era só para ter certeza! O senhor não teve esposa… filhos?

– Óia… eu fui amigado com uma mestiça, a Honorina, mas isso faiz mais de 50 ano. Ela morreu ainda nova, sabe? Teve bexiga. Despues eu não quis mais sabê de mulé me incomodando. Filho eu não tive. Pelo menos que eu sei…

– E o senhor não pegou varíola também? Não ficou doente na época?

– Se fiquei, eu não sei. Com eu já le disse, sempre me tratei com mel e cachaça…

Julgando que aquele troglodita tivera mais sorte do que juízo na vida, o Padre continua a perguntar.

– E irmãos, o senhor teve?

– Não conheci nenhum. Meus pais eram mui pobres e fui criado pelo meu padrinho. Apanhava de vara de guanxuma e de relho todo o dia. Eu não tive nenhum contato com irmão. Não sei nome e nem se tá vivo…

– Então o senhor é sozinho no mundo?

– É… não que seje uma côsa que me dê orgulho, mas pelo menos pude fazê o que bem quis… prá quê filho? Hay gente demás no mundo!

Para o Padre, essa declaração de Seu Tertuliano foi como luz na escuridão. A ausência de herdeiros era uma informação que não havia cogitado. Nisso, os pensamentos impuros do pároco são interrompidos por uma sucessão de peidos estrepitosos, empesteando o ambiente. A flatulência do moribundo torna o Padre pouco paciente para prosseguir na oitiva de mais histórias escabrosas. Aquilo estava sendo uma insana sessão de tortura.

– Êita, Padre! Acho que acabei me cagando com essa peidança! Me limpa? Ali no ropero tem uns pano de prato!

– Claro que não! Estou aqui para ouvir sua confissão e lhe dar o sacramento! Não quero saber de imundícies!

– Buenas… se o vigário não se importá com o fedor…

O Padre abriu a janela e pôs o nariz para fora. Seu Tertuliano continuou contando histórias e os problemas que sofreu quando era abigeatário, praticando crimes nos dois lados da fronteira. Divagou por alguns minutos e concluiu que pouco importava se fosse dançar com o capeta, porque já havia conhecido o inferno, neste mundo mesmo. Pior não seria.

– Eu tenho de le dizer uma côsa: até que matei pôca gente nessa vida, Padre! Mas sempre em legítima defesa, quando fui segurança de baile ali em Quaraí… tinha índio metido a valente que foi pra faca! E despues, os polícia me aliviava e o juiz da comarca era frequentador da bailanta… entonces, estava tudo em casa!

– Se o senhor já foi julgado pela justiça dos homens, eu não me importo. Daqui a pouco será Deus quem vai julgá-lo!

Aquela sentença proferida pelo Padre deixou Seu Tertuliano ressabiado. Uma nova crise de tosse acometeu o moribundo. Então, pediu ao vigário que alcançasse o penico que estava embaixo da cama. O sacerdote se agachou e pegou pela alça o objeto de metal branco, que estava com mijo estagnado há dias. Seu Tertuliano aproxima o rosto do utensílio e escarra algo purulento. O Padre sente uma ânsia de vômito, mas se controla e defenestra todo o conteúdo pela janela.

– Seu Tertuliano, vou respirar um pouco lá fora…

– Vá tomar uma fresca! Porque aqui drentro a côsa tá feia!

O dia estava bonito lá fora e o Padre caminhou pela propriedade. Percebeu atrás da casa a existência de uma horta abandonada, mas com algumas verduras e legumes vicejando. Viu que havia um curral muito grande, com boas pastagens e uma sanga ao final da descida da coxilha, rodeada por árvores nativas. O vigário gostou bastante daquelas paragens e decidiu que chegara a hora de fazer aquilo que havia planejado. Entrou no quarto e o cheiro parecia ainda pior do que quando chegara. Teve de acordar o veterano, que roncava e respirava com dificuldade.

– Pelo que vi, Seu Tertuliano, sua lista de pecados em vida é muito grande! Sua penitência, caso fosse possível, seria rezar durante dias e noites… mas acho que o senhor não terá tempo para isso!

– E isso é novidade pra mim? Já le disse antes que não fui santo!

– Não vejo como o senhor conseguir seu lugar no céu e obter o perdão divino, a menos que tenha um ato de extrema bondade ainda em vida!

– Ocha! Mas o que eu posso fazê agora, deitado nesse catre, todo cagado…

– Seu Tertuliano, me diga uma coisa! Quero que seja sincero e responda sem pestanejar, até porque tempo é um luxo que o senhor não dispõe…

– Pois pregunte, hôme…

– Já que o senhor não tem herdeiros, suas terras vão ficar com o Estado, com o governo…

– Mas bah! Isso eu não quero!

– Nesse caso, o senhor não deixaria as suas terras para a Igreja?

– Hein?!

– Sim… para que possamos levar adiante projetos em benefício da comunidade, dos carentes? Diga… o senhor concederia essa dádiva para garantir à sua alma o descanso eterno, livre dos agouros das trevas?

Seu Tertuliano demora a responder, mas acaba concordando. Disse que, no fim das contas, se o dinheiro que ganhou para comprar o sítio não foi muito lícito, deveria mesmo era deixar para a caridade. Mas Seu Tertuliano ainda queria fazer um pedido. Uma última exigência para consolidar aquele pacto.

– Padre… vi que mesmo sendo um hôme à serviço da Santa Madre Igreja, o amigo também é… hôme! Ou não é?

– Sim. Sou homem. Por que a pergunta?

– É que… como é que os padre se controla? Não fazem nada? E como fica quando o membro fica mais duro que aspa de touro brasino?

– Eu não posso responder sobre essas coisas, Seu Tertuliano. Os clérigos devotam sua vida à Cristo e renunciamos à todas as tentações carnais. Todas! Tudo é uma questão de fé e de autocontrole!

– Arre! Pois agora é a sua veiz de confessá alguma côsa, Padre! E é melhor que diga algo bem danado, porque senão vô deixá tudo pros milico!

A chantagem imposta pelo esgualepado e nauseabundo Seu Tertuliano não estava entre as expectativas criadas pelo Padre. Ora, o safado queria ouvir dele uma confissão. E das boas. Sentindo que não conseguiria enrolar o velho, o Padre começou a contar uma história.

– Bom… quando eu era adolescente, com 12 ou 13 anos de idade, eu fiz algumas coisas que guris faziam no interior. Depois das brincadeiras normais, nós íamos ao mato para fazer uma espécie de troca de experiências, sabe?

– Sei, sei! A piazada fazia a meia! Rá rá rá! O senhor também fez a meia, hein Padre? Rá rá rá!

– Sim… mas eu não gostava de ser passivo!

– Sei, sei!

– Depois disso, eu nunca mais quis saber de coisas mundanas! Fui para o seminário e me livrei desses fantasmas!

– Mas e lá no tal seminário, Padre… não acontecia côsas parecida?

– Que eu saiba não! Eu só fiquei sabendo que havia circulação de revistas masculinas e que a masturbação era permitida, desde que o indivíduo se penitenciasse!

– A la fresca! Pelo menos vi um Padre confessando pecado! E logo pra mim, o maior pecador da paróquia! Rá rá rá! Já posso morrê em paz!

– Sei que o senhor não contará isso a ninguém…

– E se eu não morrê, Padre? Vai me matar estrangulado? Rá rá rá!!

– Seu Tertuliano, não diga aleivosias! Ninguém acreditaria nisso! Sou um sacerdote respeitável! Tenho conduta ilibada e minha consciência tranquila!

– Buenas, Padre… a Igreja pode ficar com essas terra! Não vou levá nada comigo para o além… mas como vamo punhá no papel isso agora?

Aliviado, o Padre pede licença ao fanfarrão que estava indo à óbito e sai da tapera. Pega o celular e liga para o tabelião da Comarca. Depois de duas horas, aparece o notário com uma máquina de escrever Olivetti. O Padre vai recebê-lo e conversam por cinco minutos antes de entrar na casa. Depois de acertados, o tabelião pergunta ao Seu Tertuliano.

– É isso que o senhor deseja? Deixar suas terras… à Igreja?

– Sim! É isso que eu prometi! Pro governo eu não quero deixá nada!

O tabelião lavra uma escritura de doação em vida da propriedade de Seu Tertuliano em favor de uma irmã “solteirona” do Padre. Àquela hora, já sem forças, Seu Tertuliano já não falava muito, nem respirava direito. Recebeu mais um copo de canha na boca e deixou o palheiro cair no chão. Segurou a caneta com dificuldade e assinou o documento sem conseguir ler, até porque não era muito afeito às letras.

Cumprindo com o prometido, o Padre administrou o sétimo sacramento ao já quase inerte Seu Tertuliano, fazendo a reza litúrgica e ungindo as mãos do enfermo. O notário se despede do Padre e ambos saem para a rua.

Passados alguns minutos, Seu Tertuliano tem a sensação de que está caminhando por um trigal dourado rumo à um pôr do sol brilhante. Avista muitos cavalos pastando em colinas verdejantes e figueiras imensas. Nessa caminhada, encontra Honorina, sua antiga companheira, e muitos outros que não via há tempos. Ele tenta chorar, mas não consegue. Tudo era perfeito.

O Padre volta para o quarto e se certifica que Seu Tertuliano não está mais vivo. Cerra os olhos do defunto, faz o sinal da cruz e sai da tapera, respirando o ar puro do entardecer. Depois de ligar para o serviço funerário mais próximo, começa a planejar mentalmente: precisa colocar abaixo aquele casebre, instalar cercas, construir uma casa adequada… Afinal, vai utilizar o sítio para os próximos retiros espirituais com os velhos colegas de seminário.

A volta dos que foram

Publicado: 03/11/2013 por Wolfarth em Extra!!! Extra!!!

Buenas, gurizada!

Já se passaram 2 anos e tanto desde que o último post foi escrito no blog.

Muita coisa mudou: teve nêgo que virou pai, teve outro que se mudou de estado e outro que, aparentemente, não mudou. Mas cada um foi deixando de escrever para o blog com a complacência recíproca dos demais acadêmicos.

Entretanto, confesso que bateu uma nostalgia repentina neste domingo e resolvi ler (quase) tudo o que foi publicado e considerei que nossa produção literária foi SENSACIONAL, tendo sido extremamente prolífica no outono de 2007.

Então, pensei: por que isso acabou? Será falta de ideias? Ou é devido ao pouco tempo disponível para escrever?

Enfim, seja o que for, vou tentar manter uma produção regular e, quiçá, estimular os meus amigos a voltar à ativa.

Conto com vocês!

Abraço do Alemão, direto de Floripa.

INTER BICAMPEÃO DA AMÉRICA!

Prólogo: depois de quase 5 meses sem escrever um artigo para a ABRIC, olho para trás e vejo que na minha última postagem eu estava deveras preocupado (S.O.S. Colorado), pois o Sr. Fossati certamente não levaria o INTER à lugar nenhum.

Essa pequena introdução apenas dá ensejo ao que vou dizer. O Sport Club Internacional, como clube de futebol, tem surpreendido a todos, inclusive aos seus adeptos mais fanáticos. Mesmo em um ano que parecia ter sido mal planejado, quase modorrento, o Inter foi lá e créu!! (com o perdão do péssimo vernáculo).

Antigamente, nas décadas de 80 e 90, o INTER formava grandes times mas não ganhava muita coisa, quase só Campeonatos Gaúchos, e olha lá! Era sofrido ser Colorado. Dava trabalho ouvir e assistir cada jogo, principalmente nas partidas mais decisivas, quando o time amarelava e entregava o jogo. Os gremistas tinham um prato cheio em termos de corneta e gozação. Enfim, ser Colorado naqueles idos era muito complicado. Nós, adolescentes e jovens, nascidos em meados dos anos 70, precisávamos perseverar muito para não desistir dos nosso sonhos. Enquanto isso, o rival empilhava títulos.

Cachorrão e Crânio hão de lembrar das verdadeiras indiadas que fazíamos para ver os jogos do INTER no Beira-Rio, em uma época de poucas luzes, mas de muitos “Betos Cruzes”, “Zezinhos”, “Zabalas” e “Celsos” (não o Roth). Éramos heróis da resistência em termos de coloradismo.

Mas no alvorecer do novo milênio, algo de bom estava guardado para os vermelhos. O clube passou a sanear suas dívidas, a prezar pela boa administração e por investimentos em categorias de base. E, por incrível que pareça, o co-irmão parou de vencer e a gente inverteu totalmente a lógica que havia até então.

Você, Colorado que tem menos de 20 anos de idade, não entende, mas foi muito difícil se manter fiel ao clube nos anos de escassez. Agora, tudo é fácil. O time ganha até quando poucos acreditam. A grandeza do INTER está aí para todos verem. Ficou fácil, bem mais fácil ser Colorado!

S.O.S. COLORADO

Publicado: 25/03/2010 por Wolfarth em sport club internacional, Tosco Futebol Clube

São José POA 3 x 0 Inter.

Fiasco. Vexame. Fracasso. Ruindade. Podridão. Soberba. Inércia.

Não faltam adjetivos para descrever a “beleza” que foi a atuação do Inter contra o poderoso Zequinha no Passo D’Areia. A direção é omissa e incapaz de tomar uma decisão drástica, no sentido de estancar a sangria desatada que tomou conta do futebol Colorado.

Tudo o que existia de bom foi perdido em questão de 2 meses. A contratação de Fossati foi, indubitavelmente, uma “involução”. Nada se aproveita. Até a questão técnica foi perdida. Ninguém se entende em campo e os atletas não dão aquele “algo a mais” que possui um time vencedor. Infelizmente, cachorrada, o ano está perdido. E isso eu já sabia. Desde o início do ano eu venho alertando a falta de estruturação adequada, de contratações pontuais e de mobilização.

Está dando tudo errado: a mosca do chifre atacou, agarramos a “miudinha” de tal maneira que o ano está comprometido de forma negativa, sendo necessário que a temporada termine logo para recomeçarmos um novo ciclo.

Ganhar a Libertadores é um sonho distante, situado há anos-luz da realidade do Inter. Se chegarmos às oitavas-de-final é lucro. Quem não marca gol não ganha nada. Só o Fossati pensa que dá…

Já no Brasileirão (que vai começar em seguida) uma boa campanha é quase impossível. Melhor esperar por uma colocação entre o 10º e o 16º lugar. Pior que isso, só o rebaixamento. E do jeito que está é perfeitamente possível a gente cair.

Ah… e o Fossati? Algum Colorado quer que ele continue treinando o Inter? Teve nego me mandando torpedo desejando capar o uruguaio…

Inter 2 x 2 Pelotas.

Depois do 4º empate seguido do time Colorado, contra equipes de qualidade duvidosa (Deportivo Quito, Veranópolis, Cerro e agora o Pelotas), a paciência do torcedor começa a se esgotar. O problema todo se deve à maldita vitória que tivemos no Gre-Nal de Erechim, em uma partida que não valia nada, cujo gol foi marcado com alguma dose de sorte.

Jorge Fossati não é o treinador mais adequado para o Inter, haja visto que seus métodos “inovadores” são, na verdade, um empecilho para a naturalidade e fluidez que deveria haver no sistema de jogo utilizado. Os próprios atletas não compreendem tantas mudanças táticas e substituições inesperadas. A direção é covarde, pois não assume o erro pela contratação de alguém que está deturpando as poucas virtudes que restaram da equipe vice-campeã brasileira de 2009. Quem vai derrubar o técnico? A imprensa? A torcida? Acordem, Fernando Carvalho e Vitorio Piffero, antes que o mundo acabe!

Não dá mais. O Gauchão está praticamente perdido. Mandem embora Jorge Fossati antes que o Inter seja eliminado na primeira fase da Libertadores. Tenho dito.

Quando o árbitro Jean Pierre de Lima apitou pênalti para o Novo Hamburgo aos 22 minutos do 2º tempo, momento em que o Inter vencia o jogo por 1 x 0, o pressentimento que tive desde o início do jogo virou certeza: estavam conseguindo tirar o Inter do caminho do Grêmio e eliminá-lo do 1º Turno do Gauchão 2010.

Desde o começo do campeonato, o Inter utiliza reservas e dá pouca importância à competição regional, na intenção de preparar o grupo de jogadores para a Libertadores da América, objetivo principal do 1º semestre. Quando a FGF manteve inalteradas as datas das últimas partidas do Colorado, os dirigentes do Inter resolveram escalar reservas e atletas do time B na semifinal do turno contra o Novo Hamburgo, pois suas reivindicações não foram atendidas.

A FGF, obviamente, sentindo o desprestígio do Gauchão 2010, concluiu que o Inter não merece conquistar o tricampeonato estadual, pois despreza (com razão) o seu torneio. Escalaram um árbitro tendencioso (pra não dizer outra coisa) que marcou uma série de faltas inexistentes contra o Inter durante o jogo, distribuiu cartões amarelos sem qualquer motivo para os atletas colorados e, por fim, apontou pênalti para um lance que TODOS viram que não foi nada. No fim, com mérito, o Nóia marcou seu gol da vitória. Mas tudo começou a mudar com o tal pênalti inventado pelo Sr. Jean Pierre de Lima, a mando de forças ocultas.

Parabéns, chinelagem, vocês conseguiram! Realmente, o Inter venceria esse Gauchão com facilidade, no 1º e no 2º Turno, sem ter finalíssima. A grande mídia gostou, quem manda no jogo também. Imagina! O Inter anda ganhando demais, temos de dar chances para os mais fracos, aqueles que tentam todo ano e não vencem…

Gremistas… comemorem, porque vocês só vão ganhar Gauchão se não houver Gre-Nal!

Está começando o ano de 2010 para o futebol. E, confesso: não está sendo fácil assistir ao nosso rival Grêmio contratar inúmeros reforços de primeiro escalão – Hugo, Borges, Leandro (que não é o BigDog, infelizmente, pois este é pereba aposentado) – investindo na aquisição de outros tantos, enquanto que o nosso Inter não mudou muito, perdeu alguns de seus maiores nomes ainda em 2009 e trocou de técnico, um uruguaio com vocação para Professor Pardal, que pensa em repetir no Colorado o esquema tático que utilizou na LDU Quito.

Diante disso, resumindo a minha modesta percepção, estou a concluir que o Grêmio deve sagrar-se campeão gaúcho e, talvez, da Copa do Brasil em 2010. O Inter, penso que não ganhará nada.

E é isso! Opinem.

Começou a Copa do Mundo 2010!

Publicado: 06/12/2009 por Wolfarth em Tosco Futebol Clube

No dia 04/12/2009, a FIFA promoveu o sorteio das chaves da Copa do Mundo de 2010. A imprensa e os torcedores esperavam por um chamado “grupo da morte”, o que acabou por não acontecer. O que resultou do sorteio? Composições bastante equilibradas, como jamais se viu antes, pois em outras edições haviam sido sorteados grupos fracos e fortes, senão vejamos:

 

Grupo A — ÁFRICA DO SUL – MÉXICO – URUGUAI – FRANÇA — Antes do sorteio, existia um certo temor das seleções cabeças-de-chave em ver a França sorteada em seus grupos. Pois a França acabou caindo exatamente dentro do grupo do país-sede, o mais fraco dos protagonistas. Nada de mais, se não fosse o fato de o México (a melhor seleção do pote 2) e a Celeste Olimpica (bicampeã mundial) integrarem a mesma disputa. Digamos que o grupo A é promissor, pois haverá risco de vermos uma seleção da casa eliminada na Primeira Fase pela primeira vez na história, ou mesmo uma França vice-campeã em 2006 novamente rastejando aos pés dos demais, como fez em 2002.

Meu palpite: Grupo A — 1º México, 2º Uruguai, 3º França, 4º África do Sul.

 

Grupo B — ARGENTINA – NIGÉRIA – CORÉIA DO SUL – GRÉCIA — Os hermanos tiveram muita sorte. Vão pegar seleções medianas, que não devem impor maiores dificuldades à aspiração argentina de ser líder da chave. Se existe um grupo relativamente fácil na Copa 2010, este é o grupo. A disputa irá se limitar ao segundo lugar. Os coreanos não evoluíram muito nos últimos anos. Os nigerianos já não possuem a mesma qualidade dos anos 90. A Grécia parece ter a equipe mais sólida, defensivamente. Se manter o padrão, passará de fase.

Meu palpite: Grupo B — 1º Argentina, 2º Grécia, 3º Coréia do Sul, 4º Nigéria.

 

Grupo C — INGLATERRA – EUA – ARGÉLIA – ESLOVÊNIA — Outro exemplo de chave acessível para o cabeça-de-chave, no caso o english team. Os ingleses incrementaram tecnicamente sua seleção ao longo dos últimos anos e devem atingir as semifinais pela primeira vez desde 1990. Não vejo muitas chances para os argelinos e eslovenos na disputa com os norte-americanos, tendo em vista a notória evolução do futebol praticado pelos filhos do Tio Sam, que são favoritos ao segundo posto, algo inédito desde 1994.

Meu palpite: Grupo C — 1º Inglaterra, 2º EUA, 3º Eslovênia, 4º Argélia.

 

Grupo D — ALEMANHA – AUSTRÁLIA – SÉRVIA – GANA — Na minha modesta opinião, trata-se de uma das chaves mais complicadas da Copa. Na verdade, os alemães despontam como favoritos ao primeiro posto. Porém, poderão acontecer surpresas nos jogos contra Sérvia e Gana. Tudo vai depender do aspecto anímico da Mannschaft. Não tenho dúvidas de que os sérvios melhoraram seu futebol e não repetirão o fiasco de 2006 (32º lugar). Gana e Austrália, a despeito de terem atingido as 8ªs-de-final na Copa passada, dessa vez terão de suar muito para vencerem os europeus.

Meu palpite: Grupo D — 1º Alemanha, 2º Sérvia, 3º Austrália, 4º Gana.

 

GRUPO E — HOLANDA – DINAMARCA – JAPÃO – CAMARÕES — A laranja mecânica e a dinamáquina são times cuja força coletiva não deve ser desprezada pelos demais. Os nipônicos correm muito e estão melhorando tecnicamente a cada competição. Já os camaroneses são Eto’o e mais 10. A briga vai ser boa, mas a Holanda tem muito mais qualidade que seus concorrentes. A expectativa é que poucos gols serão marcados nos jogos desta chave, principalmente devido aos esquemas mais defensivos utilizados pelos seus participantes.

Meu palpite: Grupo E — 1º Holanda, 2º Dinamarca, 3º Camarões, 4º Japão.

 

GRUPO F — ITÁLIA – PARAGUAI – NOVA ZELÂNDIA – ESLOVÁQUIA — Outro grupo aparentemente fácil, devido à barbada que deverá ser enfrentar os neozelandeses. Os All Whites devem perder todas suas partidas e o objetivo é não tomar goleadas. A Eslováquia não assusta ninguém, pois não tem jogadores nas grandes ligas européias. Logo, não veremos sofrimento da Azzurra, que virá levemente renovada depois de algumas partidas terríveis nos últimos 2 anos. Nossos vizinhos paraguaios levaram um bocado de sorte e a classificação é viável.

Meu palpite: Grupo F — 1º Itália, 2º Paraguai, 3º Eslováquia, 4º Nova Zelândia.

 

GRUPO G — BRASIL – CORÉIA DO NORTE – COSTA DO MARFIM – PORTUGAL — Na opinião da maioria dos jornalistas e torcedores, o grupo mais difícil da Copa 2010. Mesmo considerando a possível fragilidade dos norte-coreanos (ninguém conhece o time deles), o fato é que brasileiros, africanos e portugueses eram favoritos antes do sorteio. Agora, com os três na mesma chave, um deles ficará de fora. A seleção brasileira não parece que vai embora cedo, pois acertou o pulo nas mãos do Dunga. Inegavelmente, a Costa do Marfim tem um excelente time e vai causar estragos contra qualquer adversário, sendo candidata a atingir as semifinais.

Meu palpite: Grupo G — 1º Brasil, 2º Costa do Marfim, 3º Portugal, 4º Coréia do Norte.

 

GRUPO H — ESPANHA – SUÍÇA – HONDURAS – CHILE — A fúria promete passear em campo nos primeiros 3 jogos. Não há a menor chance para os demais, pois os espanhóis praticam o melhor futebol da atualidade. Únicos a não falar castellano na chave, os suíços estão muito bem e sua defesa não se parece nem um pouco com os queijos feitos no país. Sinceramente, os chilenos estão muito faceiros e não tem bons zagueiros: vão fazer muitos gols e levar outros tantos. E Honduras, em guerra civil, não deverá ser belicosa com seus oponentes.

Meu palpite: Grupo H — 1º Espanha, 2º Suíça, 3º Chile, 4º Honduras.

 

Então é isso! Façam suas apostas que o show vai começar em seis meses. Diferente de outros mundiais, este será disputado no inverno (com temperaturas mínimas em torno de 0°C a 5°C), com jogos em algumas cidades com altitude de 1.500 m e sem que o país-sede seja favorito.

Falando em favoritos, os meus são Espanha, Brasil, Inglaterra, Argentina e Costa do Marfim. Um destes deve ganhar a Copa 2010.

E os teus?

Há cerca de duas semanas atrás, estava eu a ler os “classificados” do jornal ZH de domingo. Depois de procurar algo na seção de vagas oferecidas (sim, estou procurando algo melhor, por mais que 99% das pessoas achem que onde estou é muito bom), resolvi olhar a seçao de negócios e oportunidades. É o local do classificados onde se negociam empresas -lojas, indústrias, serviços. Como tenho um interesse especial por reciclagem de plástico, fui direto a seção negócios-indústria. Ali um anúncio que me chamou atenção; dizia o seguinte:

– Vendo empresa de reciclagem completa, extrusora, moinho, aglutinador. Com clientes e fornecedores. Motivo: passei em concurso público.

!!!

Sempre se pensou em que o empresariamento seria o ápice da carreira profissional, mas as dificuldades e o retorno inerentes a atividade empresarial são inferiores ao setor público, ainda mais se esta noticia se tornar verdadeira:

Os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), dos tribunais superiores e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal aprovaram hoje uma proposta de revisão dos salários dos servidores do Poder Judiciário que pode representar um aumento real de 80,17% nos contracheques dos funcionários.
Pela proposta, um analista em início de carreira, que hoje ganha R$ 6.551,52, passará a receber R$ 11.803,66. Os que já estão no final da carreira terão seus salários reajustados de R$ 10.436,12 para R$ 18.802,40. O menor salário, de auxiliar em início de carreira, subirá de R$ 1.988,19 para R$ 3.582,06. Os valores foram divulgados na Internet pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal (Sindjus DF).
A proposta ainda precisa passar pelo crivo dos ministros do STF, que se reunirão no próximo dia 15 em sessão administrativa para avaliá-la. Em seguida, o projeto terá de ser encaminhado ao Congresso Nacional para votação. (site estadão 8/10/09).

Aí entendi melhor porque o dito cidadão está tentando repassar sua empresa. Em vez de só pagar impostos, chegou o momento de aproveitar um pouco destes.

Nada contra os vogons, mas algo está desequilibrado…


Executivo da France Telecom sai, depois de 24 suicídios na empresa
Do Valor OnLine
SÃO PAULO – A operadora francesa France Telecom anunciou hoje a saída de seu vice-presidente, Louis-Pierre Wenes, após uma onda de suicídios de trabalhadores verificada na empresa nos últimos meses.
O executivo será substituído por Stéphane Richard, ex-vice-presidente das operações internacionais, também cotado para assumir a liderança da empresa em 2011, no lugar do atual presidente-executivo Didier Lombard.
Os sindicatos culpam a restruturação da companhia realizada por Wenes pelos 24 suicídios ocorridos no quadro de funcionários da France Telecom, em cerca de 20 meses. O plano de modernização envolveu mudanças nas funções dos trabalhadores dentro da empresa, além da cobrança de novas metas.
A empresa, em contrapartida, afirma que esta taxa de suicídio não é incomum para uma companhia de seu porte.
(notícia do site G1 05/10/09)

Isto é a parte prática, ou como diriam os auditores de ISO 9000, as evidências objetivas das políticas ditas voltadas aos recursos humanos, a valorização das pessoas, ao investimento no capital humano. Isto é o que está escrito no mural de 9 entre 10 empresas. O maior bem de uma empresa são seus funcionários. Ou ao menos aqueles que sobreviverem.

Ou, segundo os comentários de colegas, ao ouvirem mais um plano de reestruturação da empresa: “Quem ficar vai ficar bem!”

Brasileiro é apaixonado por automóvel.

Esta máxima criada por alguma agência de propaganda para a Ipiranga é tão genial que já está no ar há uns 10 anos. Realmente, não importa a condição econômica do brasileiro, o que ele mais almeja é um carro. Claro, quem pode mais, deseja modelos mais luxuosos; quem pode menos deseja o popular basicão; e quem pode menos ainda deseja apenas um usado para incrementar depois.

Mas eis que uma das maiores reclamações recai exatamente sobre o preço dos automóveis. Que o brasileiro não tem a possibilidade de comprar carros melhores devido aos altos preços, que uns dizem que é devido aos impostos (eu discordo), as elevadas margens de lucro das montadoras (concordo em parte) ou ao próprio mercado que paga o preço que pedem (concordo: lei de oferta e procura).

Como não há uma concordância sobre o tema, deixo minhas sugestões para redução dos preços dos automóveis vendidos e/ou fabricados na terra brasillis:

  1. Eliminação do sistema indicador de direção (vulgo pisca-pisca): entre sistemas elétricos e comandos, além da montagem no automóvel, sem falar no desenho de faróis e lanternas que poderiam ficar mais simples, acredito que a redução no preço do veículo ficaria entre R$ 200,00 e R$ 500,00.
  2. Eliminação de espelhos retrovisores: esta mudança representaria economia de R$ 500,00 a R$ 1.500,00, dependendo se é com controle elétrico ou manual. Eliminação também do retrovisor interno!

Como vimos, estas duas alterações poderiam reduzir o preço de um veículo basicão em no mínimo R$ 700,00, deixando o glorioso, imutável e honesto Fiat Mille com preço de R$ 19.300,00, uma redução de 3,5% sobre o preço de tabela atual, ou 3 folhinhas a menos no “carneirinho” BV ou ABN-Aymoré.

Claro, o melhor seria a redução dos preços sem a eliminação destes itens. Porém a utilização destes itens é ignorado pela imensa maioria dos motoristas. Porque cobrar de algo que o uso é apenas eventual ou restrito???

O brasileiro é apaixonado por automóvel, só não sabe utilizá-lo corretamente.

Hoje o mundo é muito pequeno. Aquele velho bordão “eta mundão véio sem porteira” poderia ser trocado para “eta mundinho véio sem porteira”. Realmente, não existem mais porteiras; o sistema de comunicação atual possibilita estarmos em vários locais ao mesmo tempo, interagindo com pessoas dos mais diversos locais, compreendendo suas culturas e modos de vida. E o mundo ficou pequeno; a China está a um click, o Nepal está em detalhes no Google Earth, o Botsuana também! E os meios de transporte são razoavelmente rápidos e seguros para, caso você tenha dinheiro suficiente, levá-los a conhecer in loco tudo isto, e não apenas nas janelas do Windows (trocadilho infame).

Mas tentaremos imaginar o mundo ocidental do século XIII…

O mundo era plano…

Existiam dragões e outros seres ruinzinhos no final do plano mundo (mundo plano deve ser chato..outro trocadilho). Não existiam cursos de línguas, não existiam sistemas de transportes confiáveis ou rápidos e principalmente: não se sabia quem estava além do horizonte! Os povos tinham pouco contato; os obstáculos naturais -grandes rios, lagos, mares, cadeias montanhosas- eram os limites entre povos que muitas vezes, nem chegavam a se conhecer. Com estas limitações, desenvolviam-se de formas muitas vezes bastante diferentes, costumes diferentes, línguas certamente diferentes. As limitações não eram só de ordem técnica (transporte), também existiam as limitações dogmáticas culturais devido as imposições culturais católicas.

Mas eis que um cara, sim ele foi ou ainda é o cara, resolve desbravar este mundo. Nicola Polo, comerciante de Veneza, e seu primo Mafeo, saem em busca da terra de Cipang e outros lugares míticos, que se ouviam falar nos contatos com os povos do Oriente Médio. Saem em busca de riquezas (sim, um dos motores da evolução e combustível das descobertas: dinheiro…valor único?!?) e as encontram. Não só na forma de especiarias, ouro e prata. Encontram sociedades com organização muito avançada em relação aos ocidentais, industrias, sistemas comerciais, tecnologia. Também se deparam com povos mais primitivos e muitos perigos. Mas conseguem realizar um trabalho formidável de relações públicas, servindo como embaixadores voluntários do ocidente, que acabam conseguindo retornar ao ocidente após nove anos de viagens e descobertas neste novo mundo. Êita espírito empreendedor!

Em 1271 Nicola e Mafeo retornam ao ocidente, para relatar as suas descobertas e tentar, junto ao Vaticano (??!!) apoio para nova viagem. Nicola aproveita e leva seu filho Marco (este também é o cara) nesta nova viagem ao oriente.

Marco Polo acabou mais notabilizado que seu pai e seu tio pois relatou esta fantástica viagem no “Livro das Maravilhas”, escrito enquanto estava na prisão, e de inegável valor para o ocidente. É difícil imaginar como este trio de loucos e diferentes ocidentais ganharam a confiança de Kublai Can, grande guerreiro e imperador Mongol (que dominava todo o leste e sul da Ásia nesta época). Marco inclusive foi nomeado embaixador do Grã Cã em uma das províncias. Normalmente este era um cargo dos filhos do Grã Cã, mas Marco Polo também conseguiu este feito!

Só para ilustrar os ganhos desta viagem para o ocidente, lá os Polo tiveram contato com o papel moeda, a pólvora, as industrias de seda, o carvão mineral, tecnologia naval de ponta (as naus orientais desta época eram 5 vezes maiores que as naus dos descobridores ibéricos…dois séculos após!).

Muitas vezes, a forma de entrar em contato com os povos era na forma de guerras e poder para subjugá-los. Nicola, Mafeo e Marco Polo atuaram de forma totalmente diferente. Levaram a fé cristã sem a espada, trouxeram tecnologia e riquezas sem derramar sangue, aprenderam novas idéias e plantaram as primeiras sementes do renascimento na Europa. Certamente os relatos da aventura e das descobertas dos Polo levaram um sopro de imaginação produtiva e criativa para um ocidente absorto em dogmas religiosos e travado em suas aspirações de evolução.

Eu acredito que o renascimento começou desta louca aventura. Mas pouco fala-se dos Polo nas aulas de história.

E se você tem pretensões de igualar o que os Polo trouxeram para a humanidade em sua época, monte uma nave espacial no fundo do seu quintal e saia pelo espaço a desbravar novos povos e novas culturas. Mas volte para nos relatar!

Entre as várias características e peculiaridades da fórmula 1, uma que chama a atenção é a capacidade de sobrevivência em meio a crises e, mais interessante ainda, a capacidade de criar e antecipar tendências.

Na década de 50, uma década após a 2 guerra mundial, na falta de competidores e grana para tocar a competição, os grids de fórmula 1 foram preenchidos com carros de fórmula 2 (que equivaleriam aos atuas GP2). Como a coisa não melhorou, reduziram a capacidade dos motores e, os carros de fórmula 2 passaram a ser fórmula 1. E o grid encheu.

Esta era uma época de reconstrução, e os carros que enchiam as ruas eram de baixa cilindrada, simples, econômicos. A fórmula 1 adaptou-se ao momento.

No final da década de 60, já em pleno crescimento após a guerra, a fórmula 1 alterou o regulamento e duplicou a capacidade dos motores passando de 1,6 litros para 3,0 litros, criando mais emoção nas corridas (e mortes também). No cenário econômico, a população européia já estava devidamente motorizada com Fuscas, Fiats 500, Mini Morris e outros mini carros. Começaram então a investir em carros de maior cilindrada, esportivos. O objeto de desejo não era mais o carro, e sim o carro mais potente. A fórmula 1 acompanhou a tendência.

Nos anos 70, a fórmula 1 viveu a fase das experiências em desenho aerodinâmico. Carros com desenho em cunha, facilitando o fluxo do ar e ganhando em estabilidade. Na vida real, com a crise do petróleo, as montadoras passaram a desenhar seus carros visando à economia de combustível, e utilizaram vários conceitos e estudos da fórmula 1.

Década de 80. Carros de F1 mais curvos e simples…automóveis passam a adotar linhas curvas.

Década de 90. Carros de F1 com maior tecnologia embarcada…logo chegando aos carros de rua.

2000. Carros de F1 com muita preocupação em segurança. Carros de rua acompanham e tem seus desenhos visando máxima segurança dos ocupantes (observem em carros de fórmula 1 do início da década de 90 e atuais a distância do piloto até a extremidade dianteira do carro. Observem o mesmo nos carros da década de 90 e atuais; isto é muito importante para a segurança dos ocupantes do veículo: quanto maior à distância, teoricamente mais seguro).

Agora a fórmula 1 se debate em brigas e discussões para reduzir custos. Começaram reduzindo tecnologia embarcada, simplificando desenho aerodinâmico dos carros, padronizando itens complexos e caros.

Em 2009, todas as equipes apresentaram seus carros de forma simples, diretamente nos autódromos. Nada de salões com luzes estroboscópicas, caviar, champanhe.

E acompanhando este movimento, muitas montadoras desistiram de participar de salões de automóvel mundo afora.

Mas a briga continua e a idéia é reduzir custos. A FIA quer simplificar mais ainda os bólidos de F1, barateá-los, padronizá-los. Será quase um F1-tubaína.

…e o Tata Nano está chegando aí.

…enquanto isso, Renault e Bajaj (empresa indiana) já estão nos detalhes finais de seu carro ULC (ultra low cost ou muito pé-de-boi).

Se a F1 está novamente antecipando tendências, acho que o mundo ficará mais simples. E talvez mais barato.

Um Pouco de Pensamento Ecológico

Publicado: 11/07/2009 por Crânio em Uncategorized
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Na minha nova vista panorâmica, posso contemplar o Rio dos Sinos. É uma visão que me atormenta, pois mostra o quanto nossa sociedade não está preparada para viver neste planeta. Estamos no inverno, e o rio deve estar (pelas marcas escuras nos pilares da ponte nova) uns dois metros abaixo de seu nível normal. Sim, há uma estiagem atualmente. E não se pode culpar só o aquecimento global por esta estiagem. Segundo o meteorologista Eugênio Hackbarth, estamos começando um ciclo de baixas precipitações pluviométricas. É da natureza do planeta, temos que aceitar.

Mas se tivéssemos um pouco mais de zelo para com a natureza, certamente o rio estaria em situação menos dramática. Os desmatamentos em morros e beira de rios, a eliminação dos banhados para utilização imobiliária. O crescimento desenfreado e desordenado das cidades e de seus sistemas paralelos e de apoio (agricultura, industrias), não entendeu que um rio é muito mais que um curso de água que pode levar dejetos adiante (!!!) e fornecer água. Um rio é alimentado por vários arroios, é auxiliado por seus banhados, os arroios são alimentados por vertentes. Estas vertentes estão nos morros, junto a mata, em pequenos “fios d´agua”, que juntam-se e formam o rio que nos sustenta. São milhares destes fios d´agua; é a união que faz a força!

Mas desmatamos e acabamos sumindo com vários destes pequenos pontos de absorção-retenção-liberação controlada de água. No momento de estiagem não há nada para liberar; no momento da chuva não há sistema para reter, não há banhado para absorver e controlar o rio, impedindo-o de entrar na cidade. E quando um grupo de ecologistas conscientes tenta impedir alguma obra que irá danificar o meio-ambiente, sempre aparecem aqueles que fazem chacota destes ambientalistas, que acham que ecologia só trava o progresso. O importante é o “progresso” e o dinheiro (valor único!) que ele traz.

Mas como será o progresso sem água?

Já não agüento mais! Tudo que acontece no mundo (mundo: desde a esquina da sua casa até os confins do Turcomenistão) é culpa da -segundo Jornal Nacional- maior crise econômica de todos os tempos.

Se o pipoqueiro tropeça, vira as pipocas no chão e, por isto, vendeu menos pipocas no dia, a culpa é da crise financeira mundial. Se repatriarmos jogadores em fim de carreira é porque os times estrangeiros não estão investindo… devido a crise financeira mundial. Se cair a venda de galochas… crise financeira mundial.

Como o mundo ainda não acabou, principalmente graças a algumas cabeças pensantes ainda existentes, fiquei sabendo de uma informação que compartilho com os colegas acadêmicos e leitores em geral: a crise financeira de 1981 (lembram??…sim, vocês já eram nascidos, não adianta mentir), foi muito maior que a atual. Foram quatro anos de recessão mundial após uma década de choques do preço do petróleo (saiu de US$ 4,00 o barril para US$ 40,00), sendo que na época a OPEP fornecia 70% do petróleo consumido no mundo. Esta mudança nos preços corroeu a balança de pagamentos de diversos países, que entraram em default (falência, entre eles Brasil, que na época saiu atrás do FMI). No total, 39 países “quebraram”. Com a quebra dos países, os investimentos estatais que respondem de 20% a 40% do consumo de um país, caíram drasticamente, levando a quebras generalizadas. Junto a isto, a inflação no mundo estava um pouco fora de controle (25% ao ano nos EUA, 100% ao ano no Brasil, 10% ao ano na Europa – ganhamos de todos!!!).

Como resultados, vendas globais de automóveis caíram drasticamente (Brasil queda de 30%, EUA 20%), demissões em massa e o surgimento do neoliberalismo.

Como a quebra foi devido ao Estado, nada melhor do que tirar o Estado de cena e deixar o caminho livre para a iniciativa privada, que saberia melhor posicionar-se frente as mudanças do mercado, não sobrecarregando os pobres pagadores de impostos com ineficiências governamentais.

Quase 30 anos após, nova crise financeira. Só que agora, gerada e parida pela iniciativa privada. E o Estado precisou ir em socorro da iniciativa privada para que o trem não descarrilasse totalmente. Investimentos incorretos, expectativas de ganhos, contabilização de expectativas de ganhos como lucros, fraudes contábeis, fusões esdrúxulas, tudo pelo maior lucro e satisfação dos acionistas. Mas não deu certo e os contribuintes estão pagando a conta novamente.

E agora. O Estado falhou uma vez e criou-se o neoliberalismo. O Neoliberalismo falhou. Qual será o próximo modelo?

Em todas as relações da humanidade, e em toda sua história, há um ponto em comum: a necessidade da demonstração de poder.

Nas relações pessoais, sociais, políticas, trabalhistas, conjugais, esportivas e o que mais se imaginar, temos a necessidade de demonstrar poder ou saber quem está no poder.

Estas demonstrações ocorrem de diversas formas: força, inteligência, velocidade (astúcia?), riqueza, informação.

Na demonstração de poder queremos centralizar as atenções e os esforços do meio em nossa direção. O respeito, o dinheiro, as facilidades são os frutos desta atenção. Subjugamos para captar (e cooptar) a energia do meio em nossa direção. Tendo-se mais energia, tornamo-nos mais fortes e com isto perpetuamos a relação poder-vassalagem.

Ao retirar energia do meio e direcioná-la em apenas um foco, damos espaço para outras energias. O vassalo, ao direcionar sua energia construtiva para alguém (aquele que o subjuga) e não obtendo retorno igualmente construtivo, abre espaço para energias destrutivas. Começam com simples pensamentos (ódio, vingança, etc) por sentirem-se desamparadas e evoluem para formas concretas de violência física. Retirar a matéria para preencher a troca de energia.

Por não entender o porque de retirar/perder riqueza material, e querendo acabar com este tipo de atitude de algumas pessoas ou ao menos coibir criando punições a quem realizar este tipo de ato, a sociedade entra em um conflito sem fim, pois a causa não é atacada.

E, na minha vã filosofia, isto existe em TODAS as relações da sociedade.

100 anos e sem piedade do rival…

Publicado: 06/04/2009 por Wolfarth em Tosco Futebol Clube

É… Mais uma vitória em Gre-Nal. Já são 7 clássicos de invencibilidade. O rival manda seu técnico adiante e a vida segue.

Em breve, FEITOS RELEVANTES, a saga contemporânea do Sport Club Internacional !

Aos 6 anos, o labrador Skeeter é bacharel em direito. No início de novembro, ele recebeu o diploma honorário da Universidade de Baylor, no estado americano do Texas, após acompanhar durante dois anos e meio todas as aulas exigidas para se graduar.
Ela convive com o animal desde 2004. “Ele me ajuda a pegar objetos, já que tenho dificuldades para manipular canetas, por exemplo”, conta Amy.
O diploma da escola de direito da Baylor dá ao cão o título de “dog’tor”, um trocadilho entre os termos “doctor” (doutor, em inglês) e “dog” (cão).
Skeeter, segundo seus colegas de curso, era um participante ativo das aulas. Ele ficava quieto pelo menos durante a maior parte das preleções dos professores, mas rosnava ou latia quando alguém falava por muito tempo.
Ao contrário de sua dona, o cão não deve prestar exame da ordem dos advogados do Texas. “Ele está satisfeito com o diploma”, brinca Amy.

As perguntas para meus amigos (a partir de agora não sei se ex-amigos!) Felipe e Cachorrão:

Será que ele teria lugar no mercado de trabalho aqui?

Será que passa no exame da OAB?

Ele deve saber fazer uma “peticão”?

Difícil é eles encontrarem um cachorro que tenha recebido diploma de Tecnólogo em Polímeros. Nem cachorro sarnento se disporia a fazer este curso (já me adiantando as possíveis críticas).

O presidente e executivo-chefe da GM, Rick Wagoner, disse hoje que a empresa está tomando todas as medidas para evitar um pedido de concordata. “A empresa usará todas as fontes de financiamento possíveis para evitar a concordata”, disse em uma conferência por telefone após a empresa anunciar os resultados do terceiro trimestre. Wagoner advertiu sobre as “graves conseqüências” para a economia americana se a GM tivesse que se proteger dos credores.

A maior montadora dos EUA em receita está colocando quase todas as esperanças na ajuda do governo norte-americano e no corte de custos. A empresa informou que está concentrada em aumentar sua precária liquidez por meio de um corte de custos que deve lhe render uma economia de US$ 5 bilhões.

Sem a ajuda do governo ou um aumento nas vendas, a GM disse que sua liquidez alcançará os níveis mínimos exigidos no final deste ano, depois de gastos de US$ 6,9 bilhões no terceiro trimestre. Wagoner disse à rede de notícias CNBC que espera que o Congresso dos EUA tome medidas para apoiar o setor automotivo nas últimas sessões legislativas do ano. A GM informou hoje prejuízo líquido de US$ 2,54 bilhões no terceiro trimestre.

Este é o país do livre mercado, do estado mínimo, do sonho americano. Este é o país que muitos formadores de opinião daqui usam como padrão, bradando (e às vezes vociferando) para mudanças que nos aproximem do modelo americano.

“Pequeno” reflexo de uma postura totalmente avessa ao direcionamento mundial. De um gerenciamento focado no próprio umbigo e que não levou em consideração que os mastodônticos automóveis produzidos por esta empresa para seus alienados consumidores locais não tinham qualquer possibilidade de sobrevida em um mundo globalizado e em constante mutação (odeio esta frase mas é bem apropriada).

Acho melhor é nos distanciarmos um pouco deste modelo… e vivas ao Tata Nano!!!

Os sobreviventes não serão os mais fortes tampouco os maiores, e sim aqueles com melhor capacidade de adaptação.